Galego e Português modernos são línguas românicas que mantêm um alto grau de afinidade linguística, a ponto de não faltar quem postule se tratar de duas variedades diferentes da mesma unidade, uma apreciação que contrasta com a percepção de ambas as comunidades de falantes, que sentem a facilidade de intercompreensão mas não se identificam como usuários da mesma língua do outro. Esta contribuição analisa a base desta afinidade e esta divergência na fachada atlântica da Península Ibérica, do ponto de vista histórico e geoletal. Na exposição são tomados como base os traços selecionados por Cintra (1971) para elaborar o mapa dos dialetos do português europeu, aos quais se incorporam as informações relevantes sobre as variantes galegas correspondentes. Mostrar-se-á a continuidade em um eixo atlântico dentro do bloco galego-português (hispânico ocidental) e como, ao longo dos séculos, se foi configurando a atual fronteira linguística consecutiva entre Galego (ao N) e Português (ao S).