A política de ações afirmativas da UFBA permitiu o acesso ao ensino superior de comunidades historicamente excluídas do processo educativo, a exemplo dos povos indígenas. Tal política democratizou a universidade e modificou o perfil de estudantes, impondo novos desafios no processo de ensino-aprendizado. Nesse contexto, a presença do saber popular se evidencia, muitas vezes em oposição ao saber científico, questionando práticas de saúde baseadas em evidências. Particularmente quanto à saúde vocal, "hábitos deletérios", "abuso/mau uso" estão associados à presença de disfonias. O uso da voz para a etnia Pankararu é de grande relevância nos seus rituais. As músicas cantadas representam tanto crenças religiosas, quanto a organização social, política e cultural do povo (BATALHA, 2017). Nesses rituais, os cantadores utilizam a voz de forma intensa e contínua, em locais abertos, com presença de poeira, se hidratam pouco e fumam cachimbo (também utilizado em rituais de cura). Neste projeto pretende-se compreender o significado de saúde vocal para a comunidade Pankararu, a partir da experiência e observação de uma aluna de graduação dessa etnia.