Encomiéndalas a Dios: a oração nos autos de Gil Vicente

Tese
Resumo: 
A presente tese analisa a oração na dramaturgia de Gil Vicente (1465-1536), de modo particular na farsa Clérigo da Beira (1529), nas moralidades Auto da Barca do Inferno (1517) e Auto da Barca da Glória (1519) e no mistério Auto da Cananea (1534), com o auxílio da Teopoética, abordagem crítica de estudos comparados entre Teologia e Literatura. Busca-se perceber de que maneira a concepção e a prática da oração foram utilizadas por Gil Vicente como recursos dramáticos; bem como explicitar como a representação desse topus literário – o ato de orar – elaborou e transmitiu noções teológicas na dramaturgia vicentina. Primeiramente, procuramos situar o dramaturgo português no contexto da teopoética, através sobretudo dos estudos de Antonio Carlos de Melo Magalhães (2009), apresentando o conceito e metodologia dessa abordagem, como também realizando revisão bibliográfica dos estudos vicentinos acerca da religiosidade. Depois, procuramos realizar um inventário das orações na dramaturgia vicentina, partindo do que já havia sido realizado por José Camões (2002), analisando os discursos sobre a oração produzidos nas cenas e as próprias orações realizadas: quais foram, por quais personagens foram realizadas, em que contexto cênico. Por fim, debruçamo-nos sobre os procedimentos estéticos e princípios teológicos nos três autos citados mais acima, deparando-nos com a mudança de perspectiva teológica de Gil Vicente de um texto para o outro, proporcionada pela sua aproximação da noção de Graça. Com isso, buscamos estabelecer uma nova perspectiva a partir da qual seja possível falar da religiosidade de Gil Vicente e de sua relação com os ventos reformadores do XVI, uma vez que Graça é uma noção bastante cara ao período inicial da Reforma Protestante.
Programa de Pós-Graduação: 
Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT)
Nome do(a) Aluno(a): 
Santos, Adriano Portela dos
Orientador(a) (es/as): 
Muniz, Márcio Ricardo Coelho