Escritas excessivas: Cassandra Rios e o protagonismo excêntrico na literatura brasileira

Tese
Resumo: 
Esta tese Escritas excessivas: Cassandra Rios e o protagonismo excêntrico na literatura brasileira se debruça sobre a produção literária de Cassandra Rios (1932-2002), escritora muito popular nas primeiras décadas da segunda metade do século XX, no Brasil. Conhecida por rótulos como “A papisa do homossexualismo” e “A escritora mais proibida do Brasil”, a autora é responsável pela criação de dezenas de romances protagonizados por sujeitos socialmente marginalizados, em virtude, principalmente, de uma não conformação aos padrões estabelecidos de gênero e práticas sexuais. São muito recorrentes na referida obra os gays, as travestis, as prostitutas e, sobretudo, as lésbicas, em torno de quem há uma intensa política afirmativa. Neste trabalho, distanciando-nos daquilo que é tendência no trabalho de sua ainda tímida fortuna crítica, não trataremos dos romances de Cassandra Rios pelo viés do seu projeto de construção de uma imagem positiva para as lésbicas, apesar de acreditarmos ser este um dos mais importantes empreendimentos desses textos. Optamos por perscrutar a faceta da autora que se volta para o questionamento de uma cultura que, sob a égide do que Monique Wittig chama de contrato heterossexual, oprimiu, silenciou e mutilou os sujeitos compreendidos pela categoria mulheres. Nesse sentido, nas páginas que seguem, procuraremos demonstrar a literatura cassandriana como propulsora de uma política de combate ao discurso heteronormativo, que criou um modelo ideal de “mulher”, estabelecendo para esse sujeito alguns destinos precisos, dentre os quais o da maternidade e o do confinamento no casamento heterossexual são os mais importantes. Para a realização de tal empreendimento, lançamos mão de quatro livros da autora: A Sarjeta (1952), A paranoica (1969), Eu sou uma lésbica (1975/2006) e Uma mulher diferente (1968/2005). Como não nos preocupa nesse momento construir linearidades ou levar o público leitor a acompanhar todas as nuances das narrativas, não as utilizaremos na íntegra. Ao invés disso, optamos pela fragmentação, por flashes que possam comprovar o que acreditamos ser um desejo subjacente nesses textos: o de pensar uma sociedade na qual os sujeitos ditos mulheres possam se ver livres da opressão imposta pela cultura regulada pelas regras da heterossexualidade.
Programa de Pós-Graduação: 
Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT)
Nome do(a) Aluno(a): 
Pereira, Ana Gabriela Pio
Orientador(a) (es/as): 
Herrera, Antonia Torreão
Souza, Arivaldo Sacramento de (co-orientador)