As questões culturais são importantes no entendimento da dinâmica social brasileira. A partir do estudo das políticas culturais, podemos analisar o pensamento e ação dos sujeitos e das instituições que tratam da cultura, como reagem às propostas implementadas e como o Estado lida com esse componente. O objetivo desta tese é analisar as políticas culturais desenvolvidas pelo Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC), órgão consultivo e normativo, durante o período de 1968-1987. O caráter e os sentidos da política cultural aditada pelo CEC às diretrizes do estado baiano, estavam intimamente ligados às ideias e concepções sobre cultura, memória, patrimônio, política e Estado desenvolvidas pelos intelectuais que o compuseram. Membros de uma elite cultural da Bahia, esses intelectuais deram forma e vida ao Conselho com o objetivo de manter suas práticas culturais, num contexto em que elas estavam em declínio. Essas práticas são marcadas pelo fator geração,por uma sociabilidade endógena e por uma política de memória que confluía com seus interesses e projetos. Por isso, a necessidade de se investigar como se processou a relação entre intelectuais, cultura e Estado na conformação das políticas culturais na Bahia, analisando as suas contradições, diretrizes e estratégias tendo como locus o CEC. Buscou-se discutir a efetividade dos seus projetos, a relação da entidade com a sociedade, seus interesses, a morfologia de sua composição e o/autonomia ao contexto autoritário do período, os limites e possibilidades de sua ação. A pesquisa utilizou como fontes as revistas nas quais escreviam os intelectuais, jornais do período, entrevistas com ex-conselheiros e sujeitos ligados à temática, atas, resoluções, iconografia e documentos administrativos do CEC, do IPAC, da UFBA; leis e regimentos referentes àação do governo baiano e do governo federal relacionados às políticas culturais.