O distrito soteropolitano de Brotas na Primeira República (1889-1930): conflitos sociais na sua produção, apropriação e uso do seu espaço urbano

Dissertação
Resumo: 

Como os conflitos sociais característicos da Primeira República brasileira (1889-1930) e da política baiana coetânea interferiram na produção, apropriação e uso do espaço urbano no distrito soteropolitano de Brotas? Que parte coube a Brotas na descentralização urbana de Salvador ocorrida durante a Primeira República, que marcou o desenvolvimento urbano de Salvador no século XX? Esta pesquisa responde a estas perguntas, ainda que provisoriamente, tendo como base um amplo repertório de fontes, entre as quais destaca-se a totalidade dos pedidos de licenças para obras no distrito, custodiados pelo Arquivo Histórico Municipal de Salvador. Durante a Primeira República, ultimou-se o processo de desagregação fundiária das antigas fazendas e latifúndios de Brotas, dando origem a muitas das identidades territoriais que hoje marcam esta área de Salvador. Este processo foi atravessado pela proliferação, em áreas demarcadas por traços geográficos específicos, de “moradias para operários”, de loteamentos irregulares, de “cidades balneárias”; pela quieta permanência de antigos posseiros e pequenos roceiros, não raro libertos ou seus descendentes, em paralelo à luta de profissionais liberais, pequenos comerciantes e funcionários públicos de pequeno e médio escalões pela instalação de infraestruturas urbanas próximas às suas moradias. As intervenções urbanísticas impulsionadas pelo governador baiano José Joaquim Seabra, pelas quais a urbanização soteropolitana durante a Primeira República é mais conhecida, interferiram apenas tangencialmente no desenvolvimento urbano de Brotas, especialmente por serem causa forte de migrações intraurbanas e interdistritais pautadas pelo baixo valor da terra e pela proximidade do distrito dos postos de trabalho industriais, comerciais e portuários, facilitada pelas linhas de bonde. Espera-se, com esta pesquisa, ter sido possível explicar por que os conflitos e lutas sociais pela produção, apropriação e uso do espaço urbano na Primeira República contribuíram para fazer de Brotas o que é hoje – de caso pensado, não “espontaneamente”.

Programa de Pós-Graduação: 
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU)
Nome do(a) Aluno(a): 
Nascimento Júnior, Manoel Maria do
Orientador(a) (es/as): 
Ivo, Any Brito Leal
Dourado, Odete