A pesquisa analisa pelo viés teórico-prático, a trajetória do pesquisador e consultor internacional de desenvolvimento Hugues de Varine. Objetiva compreender os impactos do seu pensamento na concepção de desdobramentos para a corrente teórica da Nova Museologia, a partir da proposta da “Museologia da Libertação” no Brasil. Utiliza como subsídio os conceitos de “trajetória”, “campo” e “teoria da prática” do sociólogo Pierre Bourdieu, para problematizar os mecanismos e ações que o consolidaram como pioneiro de práticas neomuseológicas no âmbito brasileiro e internacional. A partir da produção de um legado, construído com base na realização de atividades, principalmente a Mesa Redonda de Santiago do Chile em 1972, referente ao período de sua estada na diretoria do Conselho Internacional de Museus-ICOM, e na produção de agências e agenciamentos derivados das consultorias que ele realizou em diversos países, com enfoque na sua relação com o pedagogo Paulo Reglus Neves Freire, investiga a consolidação e disseminação de novos padrões museais no Brasil. A partir daí, fazendo uso de um apanhado de fontes, como: entrevistas, depoimentos, fotografias e produção bibliográficas, desvela pontos e especificidades da sua trajetória que impactaram na forma e no pensamento museológico brasileiro. O trabalho demonstra como as ações de Varine resultaram na disseminação de eventos e na criação de novas instituições que tem como pano de fundo o seu trabalho como consultor. Ressalta, nesse aspecto, a realização do I Encontro Internacional de Ecomuseus (1992) e, como recorte, a criação do Ecomuseu de Itaipu (PR), do Ecomuseu da Amazônia (PA), do Ecomuseu da Serra de Ouro (MG) e do Ecomuseu Comunitário de Santa Cruz (RJ), bem como uma breve análise dos impactos do seu pensamento nas políticas públicas museais, como mecanismos de produção de uma “griffe” museológica reconhecida por alguns pesquisadores como “Museologia da Libertação”, conceito cunhado pela museóloga Odalice Miranda Priosti.