Considerando-se os estudos avançados da interculturalidade e tomando-se a produção poética como força capaz de expressar cruzamento das culturas e das artes, esta pesquisa intenta “vasculhar” o universo performático da voz e do gesto, que estão presentes na vida e na obra poética de Waly Salomão, especificamente no seu último livro, Pescados Vivos, parte integrante de uma trilogia, cujos primeiros são Lábia e Tarifa de Embarque. Existe uma confluência entre vocalidade e escritura na arena dos signos poéticos que compõem muitos poemas desse poeta. Essa confluência, às vezes, evidencia-se por uma semiose performática da disposição das palavras no papel e na sonoridade semântica que envolve ritmos, melodias, compassos de mundos culturais diversos. Deles todos emanam vozes vivas reveladoras de seus próprios modos de vida e de suas estruturas mentais. Poesia Cantante, faiscante e vulcânica, a poesia de Waly Salomão convoca o leitor ao ato e à cena do mundo, à ação representativa de nós mesmos e do outro em gritos e sussurros de vozes vivas recolhidas de diferentes espaços culturais.