Maria Stella de Azevedo Santos, Mãe Stella de Oxóssi, Odé Kayode,
(Nasceu em Salvador, no dia do 2 de maio de 1925 e faleceu em Santo Antônio de Jesus, no dia 27 de dezembro de 2018)
Ela foi a quinta Iyalorixá do Ilê Axé Opó Afonjá em Salvador, Bahia. É a quarta filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo Santos. Sua avó materna foi Theodora Cruz Fernandes, filha de Maria Konigbagbe, africana de etnia egbá. Aos nove anos de idade, Maria Konigbagbe estava na aldeia quando mandaram que ela entregasse uma encomenda em um navio, assim que chegou foi presa e trazida para o Brasil. Sua tia, Dona Arcanja, também conhecida como Dona Menininha, tinha o posto de arobá no Gantois e de Sobalojú no Opô Afonjá nos tempos de Mãe Aninha, de quem era afilhada.
Mãe Stella estudou no colégio Nossa Senhora Auxiliadora, dirigido pela professora Anfrísia Santiago. Formou-se pela Escola de Enfermagem e Saúde Pública, exercendo a função de Visitadora Sanitária por mais de trinta anos.
Em 19 de março de 1976, foi escolhida para ser a quinta iyalorixá do Ilê Axé Opó Afonjá, conforme consta no livro de atas do conselho religioso do próprio terreiro. (...) Em 1981, Mãe Stella visitou templos e casas de orixás em Oshogbo na Nigéria. Ela cumprimentava as pessoas, era recebida por todos e, uma vez, ao entoar um canto para Oxum, à sua voz incorporaram-se outras. Houve total entendimento e todos se emocionaram. O mesmo se deu nas cidades de Ile-Ifé e Ede. Apesar das barreiras linguísticas, fez amigos e foi homenageada. Em 1983 o professor Wande Abimbola, à época reitor da Universidade de Ile-Ifé, fez questão de realizar em Salvador, na Bahia, a II Conferência da Tradição dos Orixá e Cultura, porque sabia haver em Salvador raízes profundas da cultura yoruba.
O primeiro pronunciamento público de Mãe Stella foi na II Conferência Mundial de Tradição dos Orixá e Cultura, de 17 a 23 de Julho de 1983, em Salvador, quando lançou ideias originais sobre o sincretismo. Ela também participou da III Conferência Mundial de Tradição dos Orixás e Cultura, em 1986, em Nova Iorque, Estados Unidos. Em 1987, Mãe Stella integrou a comitiva organizada por Pierre Verger para a comemoração da Semana Brasileira na República do Benin, na África. Sua presença mereceu destaque e ela foi recebida com honras de líder religiosa. Em 1999, Mãe Stella conseguiu o tombamento do Ilê Axé Opô Afonjá pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão ligado ao Ministério da Cultura.
Em 2001 ganhou o prêmio jornalístico Estadão na condição de fomentadora de cultura. Em 2005 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia e em 2009, ao completar setenta anos de iniciação no Candomblé, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia. É detentora da comenda Maria Quitéria (Prefeitura do Salvador), Ordem do Cavaleiro (Governo da Bahia) e da comenda do Ministério da Cultura. Em 2010, recebeu uma placa pelo centenário do terreiro Opó Afonjá, no Plenário da Câmara de Salvador, Bahia. Em 2013, foi eleita por unanimidade para ocupar a cadeira 33 da Academia de Letras da Bahia, cujo patrono é o poeta Castro Alves. Tomou posse no dia 12 de setembro de 2013.
Mãe Stella faleceu na cidade de Santo Antônio de Jesus, no Hospital Incar, onde se internara no dia 27 de dezembro de 2018 para tratar de uma infecção; ela havia se mudado da capital do estado para a cidade do Recôncavo, Nazaré das Farinhas, após ter sofrido um AVC que a deixara sem visão e com os movimentos limitados. Mãe Stella não indicou um sucessor, o que abriu a disputa entre ao menos cinco grupos para ocupar o cargo máximo do Ilê Axé Opó Ofunjá. No dia 28 de dezembro de 2019, Ana de Xangô foi escolhida como nova líder religiosa do terreiro, após jogo de ifá celebrado por Balbino Daniel de Paula, o Obaràyí. Mãe Ana foi iniciada no candomblé por Mãe Stella no próprio Ilê Axé Opó Afonjá.
Livros
- "E Dai Aconteceu o Encanto", Maria Stella de Azevedo Santos Salvador, 1988.
- "Meu Tempo é Agora ", Maria Stella de Azevedo Santos. 1a Edição: Editora Oduduwa, São Paulo, 1991. 2a Edição: Vol.1. Salvador, BA: Assembleia Legislativa da Bahia, 2010.
- "Lineamentos da Religião dos Orixás - Memória de ternura"- Cléo Martins, 2004; participação especial de Mâe Stella - Alaiandê Xirê- ISBN 8590467813.
- "Òsósi - O Caçador de Alegrias", Mãe Stella de Òsósi, Secretaria da Cultura e Turismo, Salvador, 2006
- "Owé - Provérbios" - Salvador - 2007.
- "Epé Laiyé- terra viva", conta a história de uma árvore que ganha pernas e vai lutar pela construção de um mundo que respeita o meio ambiente. Em sua trajetória o personagem ganha ajuda do orixá Ossain, divindade que domina o conhecimento sobre o mundo vegetal. Salvador - 2009.
- "Opinião - Maria Stella de Azevedo Santos - Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá - Um presente de A TARDE para a história", reunião de textos publicados no jornal A TARDE na coluna "Opinião".
Fonte: Wikipédia