Mulheres Cabaça: memórias que dançam para subverter

Mulheres Cabaça: Memórias que dançam pra subverter. É um projeto de experimentação que busca como campo de orientação e pesquisa a construção poética de investigação coreográfica experimental nas tradições, contradições e conhecimentos de algumas culturas indígenas do Brasil, tendo como mote gerador a idéia de corpo, memória e ancestralidade como algo vivo e em constante mutação. Que busca levar ao publico enquanto mostra cênica, uma reflexão sobre lugares de fala, cultura, corpos indígenas, discursos, ancestralidade, violências, extermínios e mitologia. A base coreográfica do projeto parte de três referenciais mitológicos indígenas, são eles: o discurso de Ailton Krenak, um dos maiores líderes indígenas que em 04 de setembro de 1987, na Assembléia Nacional Constituinte foi marcada pela defesa da Emenda Popular da União das Nações Indígenas, e conseguiu reverter à conjuntura política anti-indígena naquela legislatura no Congresso Nacional, fazendo o gesto de luto do povo Krenak, que foi o ato de pintar o rosto com carvão enquanto se pronunciava. A mitologia das mulheres cabaças, que tem origem no povo indígena Krahô, em que se diz que a mulheres cabaças foram às primeiras pessoas que aprenderam com o sol, sobre resguardos e cuidados com o corpo e por ultimo o ato feito por Tuíra Caiapó, que na assembléia contra a Usina Belo Monte, em 1989, levou seu facão até o engenheiro chefe do projeto e passou a lâmina em seu rosto. A proposta do trabalho artístico é refletir de forma critica e analítica o que essas três historias tem em comum, o que as aproximam e distanciam do momento político atual, o que move nos corpos de quem as escutam, como podemos falar discursos efetivos por meio do corpo e da historia de cada pessoa que fizer parte desse processo, para isso serão realizadas oficinas, que serão abertas ao publico com pesquisadores de danças contemporâneas, teatro dança e improvisação cênica, oficinas de dança afro e rodas de conversas com lideranças indígenas. Sendo que será priorizada na construção cênica a participação de estudantes indígenas, que entraram na Universidade Federal da Bahia – UFBA, por meio das cotas raciais para indígenas e que moram em aldeias, mas estudam na cidade e outros estudantes da Universidade Federal da Bahia que se interessem em experiênciar a temática indígena e dança. Tendo em vista que todo corpo dança, não será exigido um conhecimento prévio de alguma habilidade ou técnica corporal de dança, mas sim a vontade de querer participar e construir discursos subversivos coletivamente.

Coordenação: 
Thais Gouveia de Oliveira (estudante)
Amélia Vitória de Souza Conrado (professora tutora)