Tema em evidência no campo de estudos sobre empreendedorismo, a educação empreendedora concentra pesquisas que discutem pedagogias de ensino-aprendizagem com foco na criação de negócios. Consequentemente, as instituições de ensino priorizam o plano de negócios para ensinar o empreendedorismo com aulas expositivas, discussão de textos, utilização de jogos e simuladores. Nessas pesquisas, as teorias da Educação não são devidamente consideradas. Poucas pesquisas propõem a educação empreendedora baseada na experiência, apesar de alegarem que a experiência é vital para o processo empreendedor. Constata-se, assim, uma lacuna nos estudos quanto à importância da experiência na educação empreendedora, com base nas teorias educacionais, para motivar os estudantes a refletirem sobre suas ações por meio da experiência. A educação pela experiência deve ser realizada em um ambiente mais dinâmico de aprendizagem do empreendedorismo, que extrapole o contexto da sala de aula em uma conexão energizante com a sociedade, despertando neles o profundo desejo de empreender e de renovar o seu significado para suas vidas. Diante dessa lacuna, o objetivo desta tese foi desenvolver bases conceituais da educação empreendedora a partir da experiência no contexto do empreendedorismo cultural. A relação entre educação empreendedora e experiência é considerada estratégica nesta pesquisa, pois emergiram dela dimensões importantes, como a criatividade e a emoção. Identificou-se, com isso, que essas dimensões não são consideradas nas pesquisas existentes sobre educação empreendedora. Para fundamentar o conceito de experiência, a teoria da educação de John Dewey foi adotada. A base teórica incluiu estudos sobre educação empreendedora, empreendedorismo cultural, experiência na Educação, criatividade e emoção nas organizações. Empiricamente, a experiência de educação empreendedora foi gerada no contexto do empreendedorismo cultural. Esse contexto revelou um contexto pouco destacada pelos estudos de empreendedorismo, mas se destaca pela importância de disseminar o papel da cultura como estratégia de produção de bens e serviços culturais e de pensar a cultura a partir de suas especificidades práticas e de oportunidades de trabalho. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, interpretativa, orientada pela reflexividade do empreendedorismo, na qual foram observados e analisados aspectos relacionados à educação empreendedora pela experiência criativa e emocional dos estudantes do curso de Administração, da Universidade Federal de Sergipe, a partir da organização de um festival cultural. A interação com o material empírico ocorreu por meio da observação direta, documentos, fotos, vídeos e entrevista semiestruturada. Os resultados permitiram um avanço do conhecimento em pelo menos três vertentes. A primeira vertente apresenta a pedagogia experiencial como forma inovadora de educação no contexto do empreendedorismo cultural, o que ajudou os estudantes numa aprendizagem empreendedora profunda, tornando-os mais estimulados a refletirem sobre suas experiências como profissionais e indivíduos e a desejarem ser empreendedores no seu cotidiano e na sociedade. A segunda propõe a criatividade dentro do processo de educação empreendedora pela experiência como um processo de construção social e cultural. A terceira oferece uma reflexão sobre como as emoções são fundamentais para compreender o processo educacional de ser empreendedor. Em síntese, esta tese discute e convida acadêmicos de educação empreendedora a considerarem a experiência como uma perspectiva enriquecedora e profunda para ensinar e aprender a ser empreendedor.