Com o avanço do capitalismo financeiro global, políticas urbanas neoliberais vêm sendo implementadas, ampliando a gestão privada das cidades, em parcerias público-privadas voltadas para grandes projetos. Configuram o urbanismo neoliberal em construção, num contexto de esvaziamento de políticas públicas sociais. Esse padrão de gestão coorporativa das cidades imprime no espaço seletividade e exclusividade de uso pelo consumo de mercado, com notáveis mudanças na acessibilidade público-privado do espaço urbano, tensionado o direito à cidade. No Brasil, os avanços do Estatuto da Cidade conquistados nas últimas décadas, figuram nos planos diretores urbanos, mas, no curso da privatização urbana ampliada, não se realizam efetivamente na prática por cidades melhores e mais inclusivas. A resistência a esses processos se manifesta de forma plural, abrangendo ações institucionais de interesse público, manifestações de grupos organizados pelo direito à moradia e mobilidade, coletivos em defesa de espaços públicos e territórios preexistentes, movimentos pela preservação da natureza e do patrimônio cultural, intensificada pelas ações sociais afirmativas na sua diversidade e conteúdos espaciais. Também se revelam na produção alternativa autogestionária do espaço urbano, que antagonizam a produção hegemônica da cidade mercadoria. Para tanto, contribuem práticas coletivas inovadoras e conquistas sociais dispersas no território e pouco visíveis no seu reconhecimento. Na análise das transformações urbanas em curso, propõe-se identificar essas distintas dimensões socioespaciais, seus impactos, configurações e disputas na produção do espaço urbano contemporâneo. Nesta nova etapa de pesquisa busca-se avançar para desvendar as potencialidades de outras arquiteturas que decorrem das diferentes práticas de resistência propositiva, gestadas no movimento tencionado entre privatização da cidade e emancipação do coletivo.