Literatura brasileira e memória cultural republicana

Os nexos e/ou os atritos das instâncias literárias e cultural com a perspectiva hegemônica de modernização nacional instaurada pelo governo republicano no Brasil, em suas primeiras décadas, estão inscritos na produção literária do período, conferindo legibilidade a problemáticas que ainda possuem repercussão na cultura brasileira. O campo literário participou das políticas culturais republicanas, seja pelo empenho direto dos escritores ou pelo conflito com as diretrizes governamentais, contribuindo para a produção de certos efeitos de saber, através dos quais podemos perceber a dupla inscrição do romance, simultaneamente estética e política. O recorte temporal e comparativo abrange os anos entre 1889 e 1945, período comumente subdividido nas historiografias oficiais como República Velha, República Nova e Estado Novo. O principal objetivo é problematizar a formação da memória cultural republicana e a desmontagem estética do ponto de vista da oligárquico em narrativas ficcionais. Alguns objetivos subsidiários são: a) analisar contrastivamente as redefinições imaginárias da nação instauradas pelo projeto modernizador republicano; b) relacionar a modernização social empreendida pelo projeto republicano com a modernização estética; c) identificar as convergências, dissonâncias e complementariedades entre as imagens literárias que focalizam a construção da ordem e da memória cultural republicana. Revisitar criticamente algumas construções discursivas dos “homens das letras” que ajudaram a inventar e consolidar a nação republicana, entre os fins do século XIX e as primeiras décadas do XX, mostra-se necessário, a fim de que possamos compreender os dilemas inscritos na memória nacional, especialmente numa época em que o Brasil se apresenta como uma democracia consolidada, mas repete diferencialmente muitos modos de imaginação política do século XIX.

Área Temática: 
Arte, Cultura e Comunicação
Orientador(a) do Projeto: 
Nome: 
Tatiana Sena dos Santos
Cargo: 
Docente