No Brasil, a política de cotas em universidades foi disseminada em meados dos anos 2000, tendo regulamento formal somente na lei 12.711 de 2012. O sistema de cotas foi um dos principais instrumentos de ampliação de oportunidades educacionais para estudantes socialmente vulneráveis, provenientes de escola pública e de baixa renda. Este programa, atrelado a expansão e interiorização das universidades públicas entre os anos de 2003 e 2011, promoveu a inclusão das classes populares no ensino superior, inseridos nesse coletivo os jovens de zona rural. Nesse contexto, o jovem da zona rural ingressa na universidade pública, instituição inserida em um complexo dilema entre dois fins distintos: 1. Finalidade utilitarista de formar indivíduos tecnicamente competentes para ingressar no específico mercado de trabalho contemporâneo; 2. Finalidade social de um espaço comprometido com a vida de sua comunidade e capaz de oferecer repertório crítico-reflexivo para pensar sua práxis. Tendo como realidade o ingresso desse jovem do campo nesse intricado jogo de forças, é possível formular a seguinte questão de pesquisa: como universitários provenientes da zona rural vivenciam a educação superior e o mercado de trabalho contemporâneo, tendo por base a memória coletiva sobre o trabalho, sua função social e o protagonismo da juventude rural universitária nas políticas públicas que envolvem o campo? Enquanto problema de pesquisa, essa é uma questão que vem contribuir para compreender a percepção desses estudantes a respeito das exigências dessa época, tendo por base todo o peso da memória coletiva forjada no tecido social da zona rural por gerações antes dessa. É relevante ao fortalecer um debate compatível com as novas discussões sobre a reforma universitária, que estimula modelos educacionais menos tradicionais e mais participativos.
Nome:
Fernanda David Vieira
Cargo:
Técnico(a) Administrativo(a)