Por meio de uma abordagem interdisciplinar das relações entre imagem e direitos humanos, este projeto visa ao estudo dos modos como o cinema e outros meios visuais, como a pintura e a fotografia, e audiovisuais, como a televisão e o vídeo, participam de um processo histórico e cultural mais amplo de construção da "consciência da humanidade", que declara os direitos humanos, conforme o preâmbulo da Declaração Universal de 1948, contra os "atos bárbaros" que proliferam na história recente da humanidade. Pretende-se, em primeiro lugar, estabelecer uma perspectiva histórica de estudo das formas de representação e de abordagem de diferentes genocídios e crimes contra a humanidade no cinema e em outros meios e caracterizar as singularidades de diversos momentos e contextos de violação generalizada de direitos humanos e as modalidades de uso da imagem que acompanham, testemunham e transformam os sentidos desses momentos e contextos, constituindo a memória das violações. Espera-se, igualmente, tornar possível a identificação de tendências recorrentes de associação entre imagem e direitos humanos, assim como interrogar as noções de dignidade pressupostas por toda reivindicação de direitos universais e projetadas por qualquer forma de associação entre imagem e direitos humanos. Dessa forma, o problema que este projeto de pesquisa pretende investigar pode ser resumido com a seguinte pergunta: como o cinema e outros meios visuais e audiovisuais participam da construção da "consciência da humanidade", por meio da elaboração de memórias de genocídios, crimes contra a humanidade e outras violações, de um lado, e de ideias e projeções de dignidade, do outro, durante a segunda metade do século XX e o início do século XXI?