O projeto de iniciação científica Memórias Negras em Movimento deseja contribuir na investigação dos fazeres das danças negras na diáspora e na cidade de Salvador. Constitui-se como continuidade ao Projeto Memórias Negras da Dança, iniciado em 2018, o qual tem alimentado um arquivo de dança sobre os fazeres poéticos e metodologias de ensino de artistas das danças negras na cidade. A pesquisa justifica-se pela intenção de visibilizar temas, práticas, reflexões e histórias vinculadas à negritude e a presença do protagonismo negro no campo da dança. A partir da formação de um acervo sobre os artistas interlocutores o projeto investiga as conexões entre corpo, história, filosofia e processo criativo com o intuito de pensar sobre as escolhas políticas na constituição desses registros, e sobretudo, sua posterior utilização. Dialoga com teorias sobre as políticas de constituição de arquivos para dança (CRAMER, 2012 e LAUNAY, 2012) concentrando-se principalmente no papel do bailarino como agente do conhecimento coreográfico. Essa perspectiva levanta questões sobre a incorporação da memória e oralidade na produção documental, a articulação dos saberes históricos, somáticos e poéticos assim como, o questionamento das categorias fechadas de obra e autoria, inquirindo sobre os possíveis conhecimentos gerados nos registros, bem como, sobre as práticas de criação em dança. O projeto pretende examinar como esses registros podem ser acessados e transmitidos, vislumbrando sobre os elos e tensionamentos geracionais entre artistas colaboradores e estudantes. Indaga sobre as possíveis finalidades da produção de um arquivo de dança e quais poéticas e políticas podem ser geradas dele. O projeto deseja fortalecer um campo em evidência, servindo de referência a futuras pesquisas sobre as influências dos fazeres afrodiaspóricos na dança no Brasil e das políticas balizadoras da constituição de arquivos como lugares vivos, produtores de arte e engajamento.