Proposto como continuidade ao projeto anterior, que analisou a trajetória de criminalidade de adolescentes até o momento de internamento na CASE, esse projeto pretende analisar a trajetória institucional. A despeito do avanço na legislação, ainda permanecem o assistencialismo e práticas punitivas, pautados na responsabilização exclusiva do adolescente pela escolha da trajetória infracional. A literatura é carente de estudos que deem voz aos adolescentes, que analisem sua história de vida e considerem suas percepções e sentimentos sobre suas experiências durante o internamento. Assim, propõe-se, como objetivo geral, compreender a trajetória institucional de adolescentes que cumprem medida socioeducativa de internação. Objetivos específicos: 1. Reconstruir, em conjunto com o adolescente, sua trajetória institucional, destacando os eventos mais significativos; 2. Identificar, na trajetória institucional, indicadores de rupturas relacionadas ao afastamento da criminalidade; 3. Descrever, de forma contextualizada, os recursos institucionais, pessoais, relacionais e simbólicos utilizados nos processos de transição pós rupturas, durante o internamento; 4. Analisar as decisões frente às normas que regem o cotidiano da instituição em termos do conceito de agency (protagonismo); 5. Analisar a percepção dos adolescentes sobre as ações dos educadores de medida e sobre a relação que estabelecem com os internos. Nesse estudo de casos múltiplos, participarão adolescentes de ambos os sexos, que cumprem MSEI em uma CASE, em número a ser definido pelo critério de saturação. Serão coletados dados sociodemográficos, através de documentos da instituição e questionário. A seguir, será feita a entrevista narrativa (audiogravação), com questão disparadora relacionada ao objetivo geral e roteiro de questões mais específicas, se necessário. Os dados da narrativa serão organizados pelo pesquisador e apresentados, em novos encontros, ao adolescente para que juntos reconstituam a trajetória. Os resultados serão interpretados à luz da Psicologia Cultural, especialmente com a utilização dos conceitos de trajetória de vida, pontos de bifurcação, agency, ruptura-transição e recursos.