O presente projeto parte da premissa de que o estado de crise (BAUMAN; BORDONI, 2016), gerado pós-crise econômica internacional de 2008, pode ser considerado como um estado não temporário, que implica em profundas transformações nos âmbitos social e econômico bem como em impactos nas políticas públicas para a cultura e as artes. Situada no campo das pesquisas qualitativas, adotarei a proposta da pesquisa cartográfica (PASSOS, KASTRUP; TEDESCO, 2014) como um método de pesquisa-intervenção, o qual aponta a importância do processo e da experiência do pesquisador e dos pesquisados na constituição de campos de forças e de multiplicidades na pesquisa. Assim, nesta investigação, pretende-se realizar uma cartografia que analise as políticas setoriais de dança e compreenda pela visão de sujeitos que atuam em distintas áreas da dança contemporânea (artistas, coletivos e/ou grupos independentes; espaços de formação; festivais; fóruns ou associações), suas percepções sobre os impactos gerados pelas políticas setoriais para a dança nos últimos nove anos e como isso afetou/afeta suas micropolíticas e planos de composição. Os planos de composição são compreendidos na perspectiva apontada por Lepecki (2010), como como zonas de distribuição compostas por elementos heterogêneos e ativos, sem se reduzir a uma unidade. Nesse sentido, a configuração desta pesquisa possibilita analisar os agenciamentos, as sínteses disjuntivas e as linhas de fuga deflagradas por esses sujeitos para continuar a produzir no campo da dança, mesmo com todas as adversidades existentes no cenário social, político e econômico.