Seguindo os passos de Kant, Schopenhauer erige sua Metafísica do belo a partir da concepção de arte desinteressada. O conhecimento determinado por motivos proporciona ao espectador da arte o ?excitante? e a mera satisfação empírica, mas não o belo ou o sublime. O Gênio, representação mais potente e eficaz da subjetividade pura do conhecimento, é descrito no 3. Livro de "O Mundo como Vontade e Representação" de modo aparentemente ambíguo: como o "Willenlos" (isento de vontade), como aquele livre da "tempestade das paixões" e do "ímpeto dos desejos": mas ao mesmo tempo como aquele "submetido a afetos veementes e paixões irracionais". No entanto, trata-se, na vivência estética do gênio ou do contemplador da arte, de um prazer desinteressado, uma complacência de outra ordem que a do homem do senso comum e de ciência. O presente projeto tem o intento de reconstruir as raízes teóricas desta concepção schopenhaueriana da satisfação estética, em especial a crítica do juízo de Kant, e, principalmente, verificar as conexões possíveis entre esta discussão em torno de sua estética e a crítica feita pelo filósofo ao eudaimonismo em sua ética e o conceito do desinteresse que também alicerça sua filosofia moral, defendendo a tese que aponta para uma indissociabilidade conceitual entre estas duas áreas do saber no filósofo, estabelecendo o tramite necessário entre os Livros 3 e 4 de sua obra magna.