Introdução: Sabe-se que falas infantis podem ser tão imprevisíveis que chegam a tocar o "limite consolidado pela língua". Em muitos casos, um efeito maior de corte acaba por apartar a fala da criança do conjunto das "falas ditas normais". Esse fenômeno revela que, se não se pode negar que "são vários e imprevisíveis os caminhos da criança na linguagem", nem sempre o destino é o sucesso. Não é infrequente que a interação da criança com seus cuidadores e interlocutores seja marcada por uma escuta que frustra o ideal do falante e não deixa escapar a diferença, mobilizando queixas que, vez por outra, são enunciadas como "meu filho fala, mas não conversa". De fato, manifestações sintomáticas de fala podem colocar em xeque a dinâmica da troca comunicativa e aquilo que se define como flexibilidade pragmática. Objetivo: refletir sobre o processo diagnóstico de linguagem a partir da análise do conceito de (in)flexibilidade pragmática nos campos da aquisição, patologia e clínica de linguagem com crianças. Metodologia: estudo de caso único, de caráter exploratório, a ser realizado a partir da análise de dados secundários provenientes de registros em prontuário. Serão analisados relatórios de avaliação de linguagem e evolução do tratamento fonoaudiológico de uma criança atendida no Centro Docente Assistencial de Fonoaudiologia (CEDAF/UFBA). Será dada especial atenção a relatos e transcrições de situações dialógicas entre criança e adulto no contexto clínico de avaliação e terapia fonoaudiológica. A análise terá como alicerce os constructos teóricos elaborados no âmbito do grupo de pesquisa "Aquisição, Patologias e Clínica de linguagem", coordenado por Lier-DeVitto e Arantes no LAEL/PUCSP, o qual estabelece forte relação com a proposta interacionista em aquisição de linguagem introduzida por De Lemos e seus colaboradores desde o início da década de 1980 no campo da Linguística. Resultados esperados: espera-se apresentar uma análise suficientemente consistente para que se possa avançar no levantamento de questões sobre a avaliação da capacidade de adaptação comunicativa de crianças com dificuldades no processo de aquisição da linguagem.