Corpo e resistência nas artes da cena

Ano de Início: 
2019
Resumo: 

O projeto aqui apresentado vem contribuir na área de pesquisa em Artes Cênicas, principalmente no tocante ao campo de pesquisa do corpo, tendo como desdobramentos os estudos de dramaturgia, da filosofia e dos estudos literários voltados a entender o corpo na sua dimensão poética e no campo de resistência política. Nesse ângulo de abordagem, para tal leitura do termo ?resistência?, são relevantes as considerações de Giorgio Agamben, quando faz uma revisão desse termo não mais com o sentido comum de oposição, mas vê o ato de criação como gesto de resistência. A partir de Gilles Deleuze: "resistir significa liberar uma potencia de vida que estava aprisionada ou ultrajada". (AGAMBEN, 2018. p. 59-60) Desse modo, pretende-se a análise cuja percepção corporal da resistência distancia-se da modelagem interpretativa que enquadra o corpo como fruto apenas de experiências culturais recebidas e se amplia essa percepção ao se considerar os jogos de valores e de poder imersos em flutuações discursivas, distante do relativismo cultural puro e simples. Não se trata de através dos sentidos ? do ver, ouvir e tocar ? capturar os momentos da experiência e retransmiti-los a uma consciência reflexiva para uma posterior interpretação. Há uma proposta de conhecimento que se faz pela articulação entre os corpos em movimento, com os objetos e outros seres, tendo em vista que os sujeitos históricos e personagens trazem sua existência material, carnal, muscular, aberta a diversas formas plásticas de materialidade e à arte que as recria. Assim, o corpo deixa de ser visto como uma entidade isolada, ele é afetado e se deixa afetar pelos corpos em um campo e paisagem relacional, o que confere lugar político e filosófico à sensibilidade e às emoções corporais. Nessa abordagem, não nos interessa identificar o corpo apenas como a representação de uma situação histórica, política e sociológica, na qual personagens e situações cênicas são desenhadas. Não se trata de ler o corpo apenas como uma metáfora elaborada para repensar determinado país ou uma cultura específica. Considera-se, portanto, que o corpo está situado no seu campo articulatório, em face dos pontos de conexão de sentidos; assim, é colocado a partir de sua leitura de posição. E aqui aparece um aspecto que não se restringe à ordem da escrita apenas da literatura dramatúrgica, mas do encontro com outras linguagens artísticas, a exemplo da fotografia, da performance, da música e da dança.

Unidade de vínculo do(a) Coordenador(a)/Pesquisa: 
Coordenador(a): 
Cássia Dolores Costa Lopes
Quantidade de Integrantes: 
1