Diferença e criação no Carnaval de Salvador (1949-1985): construindo legitimidades entre a tradição e a modernização

Ano de Início: 
2016
Resumo: 

O período do Carnaval de Salvador abrangido pelo presente Projeto se caracteriza pela diversidade da criação. Algumas formas reportadas desde o século XIX permanecem, como os afoxés, batucadas e grandes sociedades. Já se percebe, entretanto, no aparecimento do Afoxé Filhos de Gandhi, um apelo à novidade acoplado à permanência da herança africana. Seus integrantes conviviam com matrizes estéticas da tradição dos orixás e assimilavam a iconografia do cinema de inspiração orientalista. Este impulso de modernização se observa também em blocos como Mercadores de Bagdah. A partir da segunda metade dos anos 50 do século XX, temos a sucessão de modelos que ocupam o centro das atenções dos setores populares. É o caso das escolas de samba (anos 50-70), dos blocos de índio (anos 60-80) e dos blocos afro (a partir de 1975), que chegaram aos nossos dias. Cada modelo se apropria de referências e iconografias tradicionais, ao tempo em que inaugura novidades, de modo que os elementos tradicionais e modernos/contemporâneos se tensionam, potencializando-se reciprocamente. Estes modelos repartem a rua com os trios elétricos, que até então fazem seu cortejo aberto a quaisquer pessoas, arrastando multidões. A partir de 1978, surgem os blocos de trio, congregando diferentes estratos de classe média e polarizando progressivamente a cena do Carnaval de rua. Alguns desses modelos de agremiação carnavalesca produziram um repertório musical abundante, associado às modas coreográficas, assim como indumentária, alegorias e poéticas temáticas. Estes aspectos estão registrados em notícias de periódicos, fotografias, vídeos, discos vinil, folhetos de propaganda e outras fontes. Como se trata de um período relativamente recente, muitos foliões que integraram estes diversos tipos de bloco guardam a memória do que experimentaram. Todos estes elementos são considerados importantes aos efeitos de reconstituir e analisar o Carnaval de Salvador no período e analisá-lo tomando como eixo a diversidade e a criatividade.

Unidade de vínculo do(a) Coordenador(a)/Pesquisa: 
Coordenador(a): 
Milton Araújo Moura
Quantidade de Integrantes: 
7