Este projeto visa integrar ensino-pesquisa e extensão, perseguindo as seguintes questões: Como sustentar, com rigor e sistematização, objetos de investigação em artes e humanidades, em uma conjuntura ainda fortemente marcada pela cultura científica, superando restrições da epistemologia cartesiana? De que maneira tal embate se manifesta na universidade, gerando conhecimentos e práticas e, sobretudo, constituindo um circuito de reprodução de sujeitos? Não se trata aqui de abolir aquilo que a tradição tem estabelecido a respeito do lugar das ciências na produção de conhecimentos, mas alargar a discussão sobre o papel e a importância de reflexões, saberes e fazeres de outros modos de conhecer e existir no mundo, trazendo para o debate outras epistemologias que, desde o início do século 20, têm operado com ferramentas não hegemônicas para a construção de sistemas de pensamento em parâmetros não-cartesianos, como é o caso das obras de Sigmund Freud, Gaston Bachelard, Paul Feyerabend, Paul Valéry, Thomas Kuhn, Pierre Bourdieu, Gilles Deleuze, Michel Foucault, Jacques Lacan, Boaventura de Sousa Santos e igualmente da obra viva e oral, mas não apenas, de Mestres e Mestras de saberes tradicionais, como é o caso de Mestre Antonio Bispo dos Santos, liderança quilombola nacional que em seu livro Colonização, quilombos modos e significados (2015) mobiliza a epistemodiversidade, propondo e utilizando saberes contra-hegemônicos de povos tradicionais, no caso, quilombolas, sem contudo negligenciar o debate e a troca de conhecimentos com a Universidade.