O presente projeto de pesquisa tem por objetivo refletir e discutir sobre questões ligadas à justiça social (Novas, 2014), tomando como objeto de estudo a contribuição na cidade de Salvador das arquitetas da FAUFBA formadas entre as décadas de 1930 e 1960. De forma mais específica nos interessa entender algumas questões relacionadas com: a ação profissional desenvolvida e a inserção (ou não) no campo laboral local, além de identificar limitantes, problemáticas e desigualdades encontradas por elas num meio dominado pelos profissionais masculinos. Embora nos últimos anos perceba-se um interesse e preocupação por trazer à tona a importância das mulheres no campo da arquitetura e do urbanismo, mostrando toda uma produção invisibilizada pela historiografia (Lima, 2013; Novas, 2014; Huapaya et al, 2018a e 2018b), ainda nota-se uma grande lacuna quando se trata de entender esses processos no caso baiano. Por outro lado, outro número significativo de pesquisas relevantes vem mostrando e ampliando a discussão sobre mulheres e cidades sempre vinculadas a assuntos de gênero (Risério, 2015; Muxí Martínez, 2018). De forma geral, esses trabalhos permitem-nos compreender que o rol da mulher profissional não só vem sendo negligenciado, mas, o que é pior, vem problematizando como a cidade e a arquitetura também serviram como formas de segregação entre mulheres e homens. Para Novas (2014) o urbanismo moderno, por exemplo, estava vinculado a um uso da cidade não só racional (como bem é sabido), mas, pensado especificamente para a locomoção e serviço dos homens em um contexto social onde a mulher permanecia em casa cuidando dos filhos; nesse sentido, suas atividades cotidianas estariam restritas ao "habitar" e não ao "trabalhar" (fora de casa), circular (na cidade) e, nem mesmo, ao "lazer" De fato, este olhar encontra diversos pontos em comum ao analisarmos algumas referências produzidas no âmbito nacional, como é o caso de Del Priori (2004) e, mais recentemente Brito et al (2017).