O processo de medicalização ocorre quando deslocamos questões sociais, políticas, econômicas e culturais para o âmbito, mais exclusivamente, individual. O sistema educacional vem, historicamente, sendo muito afetado por esse processo. Nos últimos anos notamos que o número de docentes classificados como portadores de síndromes, transtornos e distúrbios e que precisam se afastar das atividades de ensino tem aumentado, implicando em um acréscimo significativo da demanda por ações e serviços de reabilitação. Dessa maneira, muitas vezes, classificar o professor como portador de uma patologia, transforma e reduz questões de ordem política e social ao corpo do sujeito, o que precisa ser analisado. Considerando esse cenário, os objetivos deste projeto são: a) identificar a frequência de afastamentos de docentes das suas atividades laborais; b) identificar quais têm sido os principais motivos do afastamento docente; c) no caso de docentes com afastamento por queixas vocais, identificar a prevalência dessas queixas; d) caracterizar, em alguns casos de alterações vocais, como a rede de atenção básica tem contribuído para o retorno do professor as suas atividades. Trata-se de um estudo quantitativo e qualitativo, de corte transversal. O público-alvo desta pesquisa são docentes da rede pública da educação básica municipal e estadual. Desse modo, com a realização desta pesquisa almejamos trazer algumas contribuições para a discussão e construção de políticas públicas que possam intervir sobre essa realidade.