presente proposta pretende investigar a atuação, no mundo religioso afroindígena da Bahia, de um conjunto de entidades conhecidas como caboclos (a maioria índios, boiadeiros e marujos, considerada nativa do Brasil). Por um lado, busca compreender a presença dessas entidades em um campo que inclui candomblé, umbanda, espiritismo de mesa branca, e variantes locais de candomblé de caboclo como o jarê, e investigar sua participação em trajetórias que envolvem trânsito e articulação entre essas modalidades religiosas. Por outro lado, busca estudar como, no espaço dos terreiros, se conectam e algumas vezes convivem caboclos e divindades africanas ? orixás, inquices ou voduns. Ao tomar como objeto privilegiado os caboclos, entidades que têm presença forte em diferentes modalidades religiosas, a pesquisa espera contribuir para um entendimento do campo religioso afroindígena, que ressalte não só as diferenças existentes nesse campo, mas também as formas de conexão e trocas de que ele se nutre. Ao abordar as relações entre modalidades religiosas e mais especificamente entre culto aos caboclos e culto aos orixás como problema relativo à construção de formas de convivência, no campo religioso afroindígena baiano, entre práticas e entidades diferentes, pretende experimentar com uma nova gramática para tratar um tema tradicionalmente discutido como sincretismo. A pesquisa, de caráter qualitativo, será realizada em duas regiões da Bahia conectadas pelo Rio Paraguaçu: a Chapada Diamantina e o Recôncavo Baiano, ambas marcadas por uma história de trocas intensas entre africanos e povos indígenas.