O projeto aborda a participação masculina na construção cotidiana do cuidado infantil. O recorte é apresentado em diálogo com as produções mais presentes, especialmente na área da psicologia sobre o envolvimento paterno. Através da discussão de alguns estudos contemporâneos mostra-se o predomínio de uma visão heteronormativa nas pesquisas: os estudos são feitos com homens que na grande maioria das vezes moram com a companheira que é a mãe da criança, frequentemente se trata do primeiro filho e são pessoas de classe media. Com a intenção de contribuir para preencher essa lacuna, este trabalho visa compreender a participação masculina no cuidado infantil, o que muitas vezes implica a paternidade, mas não exclusivamente, pode não estar mediada por uma relação de conjugalidade com a mãe da criança e se dar usando a linguagem de construção de relações de parentesco por consideração. Como parte do embasamento teórico do estudo opta-se por trabalhar com a noção de cuidado o que necessariamente envolve um diálogo com várias matrizes disciplinares, tais como: cuidado, gênero e divisão sexual do trabalho, cuidado como construção de projeto de pessoa, horizonte para as práticas de saúde, como projeto de felicidade, cuidado como o revezamento de implicação e reserva visando propicia experiências de integração e que permitam dar sentido à existência (FIGUEIREDO, 2009). O projeto tem como objetivos gerais: Compreender como se da a participação masculina no cuidado de crianças, em diversos contextos familiares e socioeconômicos, na perspectiva de homens e mulheres. Espera-se também: Qualificar a discussão sobre paternidade, cuidado infantil, participação masculina ao integrar contribuições da antropologia, a psicologia e a saúde coletiva, no marco de uma discussão teórica mais ampla sobre o cuidado. O delineamento metodológico envolve a realização de entrevistas narrativas com homens de camadas sociais media e baixa que cuidam de crianças. Espera-se também incluir como entrevistadas a mulheres que dividem o cuidado com os homens assim como eventualmente outros homens que estão no lugar de cuidadores. Como participantes serão convidados alguns frequentadores de um serviço de saúde mental infantil e outros serão procurados nas redes sociais dos pesquisadores. A participação se dará após a devida apresentação e assinatura do Termo de Cosnetimento Livre e esclarecido (TCLE).