As tecnologias de cuidado correspondem aos meios ou instrumentos de trabalho construídos pelos profissionais de saúde e utilizados no processo de cuidado, podendo ser materiais e imateriais. No Brasil, a Atenção Primária à Saúde vem se constituindo como um espaço de produção de inovações tecnológicas voltadas para a superação do modelo médico hegemônico e, portanto, para ampliação do primeiro contato, ou seja, melhoria do acesso e acessibilidade às populações historicamente vulnerabilizadas, a exemplo da população negra brasileira. Deste modo, desde 2006, com a criação da Política Nacional de Saúde da População Negra, no Conselho Nacional de Saúde, mais tarde formalizada em 2009 como portaria do Ministério da Saúde e elevada à categoria de lei através do Estatuto da Igualdade Racial em 2010, o reconhecimento do racismo como elemento chave para compreender o (não) acesso aos serviços de saúde têm sido objeto de ações e debates nos diferentes espaços do SUS, principalmente na Estratégia de Saúde da Família, que mesmo tendo ampliado sua cobertura nas últimas décadas, ainda exibe dados de desigualdades no acesso e, consequentemente inquidadades nos perfis de morbi-mortalidade da população negra. Cabe destacar que a criação dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família-Atenção Básica, em 2008 com a proposta de ampliar o escopo de ações da Atenção Primária a Saúde apesar de não contemplar em seus documentos regulatórios nenhuma diretriz voltada para atuar sobre esta população no cotidiano de suas ações tem se enfrentado com esta problemática. Assim, o objetivo desta investigação é analisar as tecnologias de cuidado desenvolvidas pelo NASF-AB voltadas para a atenção ao primeiro contato em relação à população negra.