Processos colaborativos em dança e teatro: entre nós e as relações de poder

Tese
Resumo: 
O trabalho apresentado aqui é parte de uma trajetória artística-docente que tensiona os prazeres e as dificuldades da convivência em grupo. Interessa analisar as relações de poder que permeiam o ambiente colaborativo em alguns grupos, núcleos e coletivos de artistas da Dança e do Teatro no Brasil. Para ampliar a perspectiva de análise, foram convidados outros artistas com experiências em processos de criações colaborativas para compor uma espécie de roda de conversa. Juntos, discutimos sobre encontro, dissenso, autonomia, autoria, hierarquia, relações com instituições de fomento entre outros assuntos que permeiam o cotidiano do labor do artista da Dança e do Teatro. Todos eles são ex-integrantes de grupos, núcleos e coletivos que não existem mais. Findaram seus trabalhos após receberem e executarem algum tipo de projeto financiado para manutenção do grupo. São eles: Couve-flor minicomunidade artística mundial (PR), Núcleo VAGAPARA (BA), Grupo Dimenti (BA), Grupo Alvenaria de Teatro (BA) e Coletivo TeiaMUV (BA). Situada no território dos processos artísticos em colaboração, a pesquisa aqui configurada nesta tese, debruça-se sobre alguns nós/problemas – zonas de tensão na rede colaborativa – que emergem de conflitos, discussões e acordos entre os integrantes. Com a finalidade de complexificar a rede tecida, autores e autoras de áreas distintas do conhecimento como Arte, Comunicação, Filosofía e Ciência Política foram postos em diálogo. A perspectiva de rede também se evidencia na proposta metodológica ao serem entrelaçados procedimentos de metodologias distintas em uma bricolagem. A pesquisa apresenta dados e questões de caráter predominantemente qualitativos e flerta com com características da cartografia e da etnografia. A tese é composta por três capítulos interdependentes que falam sobre diferentes tensões (nós da questão) de ordem política, econômica, ética e estética. Apesar da relação de interdependência, os capítulos podem ser lidos separados, ou seja, em outra ordem que não a disposta pelo autor, pois as ideias postas em cada um deles se (in)concluem nos “entre nós” da questão. O primeiro capítulo entrelaça Arte, Política e Filosofia e apresenta uma perspectiva conceitual para pensar o encontro e a convivência entre os artistas como posicionamento político e poético; a coimplicação entre autonomia e colaboração nos processos colaborativos; e tensão entre ética e estética, no sentido de pensar como as relações estabelecidas entre os integrantes e os modos como eles produzem seus trabalhos implicam nas obras que são criadas. Não se pretende, no entanto, analisar as obras, mas manter o foco nos modos de produção. O segundo capítulo entrelaça Arte, Política e Economia e propõe um olhar específico sobre a hierarquia e a autoria quando pensadas no contexto dos processos colaborativos. E o terceiro capítulo ata um nó entre artistas, Estado e instituições de fomento. Trata da participação dos artistas na implementação de políticas específicas para área; da fragilidade e da instabilidade da área da Cultura e suas instituições; de como os artistas se relacionam com a chamada “política de editais”; e da instabilidade dos próprios grupos, núcleos e coletivos em um contexto de subdesenvolvimento econômico e de poucos investimentos na área da Cultura.
Programa de Pós-Graduação: 
Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC)
Nome do(a) Aluno(a): 
Rocha, Lucas
Orientador(a) (es/as): 
Moura, Gilsamara