Este trabalho discute a tentativa de consolidação de um ideário cívico-patriótico que preconizava o zelo à pátria e suas instituições. Compreender a contribuição dos intelectuais que pensaram o civismo, o papel das escolas em sua disseminação e as memórias dos sujeitos, professores e estudantes do Colégio Alberto Torres, das atividades cívicas foram objetivos desta pesquisa. Em 1948 o colégio foi fundado sob a égide da inspiração ruralista e foi palco cotidiano dos ritos cívicos que marcaram a vida das escolas na República. Em 1969, com a instituição da disciplina de Educação Moral e Cívica, esses ritos foram colocados em evidência, tal como foram ressignificados. Neste sentido o recorte temporal da pesquisa abarca desde a fundação do colégio ao processo de recomposição da democracia na década de 1980. O civismo, ideário que se constitui de muitos símbolos, imagens, projeções de nacionalidade e de cidadão, precisou das instituições escolares para ser difundido. Cabe dizer, que nas experiências ditatoriais brasileiras o civismo foi manejado com afinco, sobretudo na Ditadura Militar (1964-1985) na qual foi instituído um decreto-lei 869/1969 que tornava obrigatório o Ensino de Educação Moral e Cívica e dava outras providências. Uma educação para o civismo se tornou uma das prioridades dos intelectuais ligados ao Regime e foi concebida de forma ampliada, pois o componente curricular criado pelo decreto tinha por objetivo ser uma “prática educativa” e não uma mera disciplina. A partir de relatos de memorialistas, fotografias, depoimentos orais de ex-alunos e professores serão discutidas as vivências dos sujeitos que compõem a instituição escolar no que se refere aos ritos e símbolos cívicos. A partir deste escopo de fontes buscou-se, no campo da História Cultural, evidenciar os elementos do civismo como componentes do imaginário social e que estão presentes na memória dos sujeitos que viveram a Ditadura Militar (1964-1985).