Esta pesquisa visa aprofundar a percepção sobre as relações transculturais existentes no seio de um processo cênico-pedagógico, tanto no tocante ao trabalho do encenador, quanto ao do atuante, através do estudo teórico-prático da importância da máscara enquanto elemento potencializador de processos criativos para a cena no teatro contemporâneo, tendo como referências centrais as propostas pedagógicas de dois grandes mestres da história do teatro: Vsévolod Meierhold e Jacques Lecoq. Para refletir sobre tal tema, trago a constatação preliminar de que o interesse sobre o elemento máscara para estes dois encenadores-pedagogos ultrapassa em muito uma visão utilitária do objeto como mero mecanismo de revivescência de tradições teatrais deslocadas de seus contextos socioculturais, mas promulga uma forma de pensar-fazer teatro que ouso chamar aqui de Corpo-Máscara, isto é, um pensar sobre a máscara como ideia silogística e lugar de metamorfoses e hibridismos cênicos. A Etnocenologia e a noção de transculturação auxiliam na investigação da dinâmica dos trânsitos existentes entre o savoir-faire e a reflexão de um processo criativo para o encenador e o atuante a partir de referências culturais e espaço-temporais múltiplas, mas que levam a um fim específico: a máscara como procedimento potencializador da obra cênica, em seu pensar-fazer integrado com seu tempo e a diversidade dos indivíduos envolvidos no processo criativo.