A presente proposta surge do meu contexto social, enquanto cidadão soteropolitano, negro, periférico, artivista da Dança, mediador educacional e cultural, comprometido com um fazer artístico voltado ás provocações reflexivas e críticas. Entendo a arte/corpo como uma ‘arma’ de guerra [arma - no bom sentido, lógico!], arma como possibilidade de fomentar questões, desencadear reflexões, repropor entendimentos engessados que norteiam a sociedade e que nos atravessam. Nesse sentido a arte foge dos parâmetros do entretenimento e se concentra numa política, ideológica, fomentadora de novos modos de pensar/fazer arte/vida. Dito isto, apresento o X da questão de minha proposta experimental. A construção de uma Dança com cerne investigativo na luta e re-existencia do corpo negro na sociedade contemporânea, especificamente na cidade de Salvador, onde sobrevivo. Trago em pauta esse assunto, pois tenho fundamentação tanto de minhas vivências, quanto nos aportes teóricos que apresentarei no decorrer desse projeto. O Corpo coisa, abjeto, negado, excluído, marginalizado, submisso, violentado, descriminado, improvável, Corpo em estado policial, Corpo destituído de direitos. Versus Corpo pulsante, cultural, manifestado, brincante, poderoso, Corpo subversivo, que anseia pela justiça a violação dos seus direitos. Esses são alguns dos estados corporeográficos/performativos que pretendo investigar no período compreendido entre maio e outubro de 2019 junto a outros estudantes, artistas e coreógrafos que serão convidados a somar neste processo. Performatividades serão assentuadas cenicamente a fim de evidenciar estereótipos, preconceitos, descasos e racismo a que o Corpo Negro é submetido todos os dias, e em todos os lugares aonde vou. Com isso, a experimentação será reconfigurada a cada dia denunciando as ditaduras que oprimem e aniquilam corpos, e pretende potencializar a luta histórica em prol dos direitos humanos funcionais. A ideia é desenvolver uma experimentação coreográfica que apresente o corpo como Ser social, tendo como elementos para sua criação, poéticas corporais contemporâneas que reinventem a Dança como lugar de produção de conhecimento e resistência.